Vinte de maio, aniversário do Mixto. Oitenta e dois anos
desde aquele dia em que Zulmira Canavarros e Ranulfo Paes de Barros reuniram um
pequeno grupo de pessoas em um casarão colonial na Rua Sete de Setembro, no
centro de Cuiabá, para fundar o “Mixto Sport Club”. Uma agremiação esportiva que nascia com a
história que poucos no mundo podem se orgulhar: um clube que tinha uma mulher à
frente e ousava desafiar todos mostrando que esporte não é privilégio de
pessoas do sexo masculino, mas sim de homens e de mulheres.
A instituição Mixto cresceu logo nos primeiros anos de vida
e rapidamente ganhou a paixão das camadas populares. Enquanto o Dom Bosco e o
Atlético-MT reuniam a elite cuiabana para a prática esportiva, o Alvinegro orgulhosamente
atraia todos, bancos ou negros, principalmente os mais pobres, os excluídos da
cuiabania. Talvez, por conta disso, a torcida mixtense foi sempre a mais eletrizante
deste estado, que carinhosamente apelidou seu clube de Mais Querido.
Esse é o primeiro aniversário do Mixto sem outra mulher que
marcou história. Nhá Barbina (falecida dia 26/09/15) comandou a primeira
torcida organizada de Mato Grosso. Guerreira, Nhá era a cara do Mixto. Não
desistia nunca de lutar e acreditar.
Diferente dos outros clubes, no Mixto a torcida foi sempre
protagonista. Não foram poucos os casos nos quais torcedores seguraram a
bronca. Torcedores já levaram alimentos para os atletas, já pagaram moradia,
salários e até viagens que se não fosse a torcida o clube perderia de W.O.
Não poderia deixar de falar da Boca Suja. A torcida que
colocou Mato Grosso na era das torcidas organizadas modernas, criativa e
inovadora com cantos de apoio, bateria, bandeiras e faixas gigantescas.
Mas uma sucessão de diretorias amadoras e fracassadas
estagnaram o Alvinegro no tempo. O futebol evoluiu e o Mixto parou. Mesmo
assim, ninguém ousa ameaçar a supremacia de conquistas: são 24 campeonatos
estaduais, um Centro Oeste e o único Tetra Campeão de Mato Grosso (1951/1952/1953/1954
– 1979/1980/1981/1982).
No próximo dia 11 de junho o Tigre passará por eleições. A
esperança de todos mixtenses é que vença uma diretoria que finalmente aplique o
óbvio, que todo mundo vê menos os dirigentes: negociação com a justiça para limpar o
nome do Mixto; foco na categoria de base; trabalho de marketing e fé em sua
torcida apostando no sócio torcedor.
Viva o Mixto!
O time do povo cuiabano, o time sem preconceito.
Por Fábio Ramirez