12 junho 2015

Colunistas - Mixto tem que tornar a dívida em dívida administrável (Igor Garcia)*

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Nos últimos meses, discute-se muito uma nova visão sobre o futebol brasileiro. Não o jogo em si, sendo mais especificamente a gestão do futebol brasileiro.

Essa pressão por nova visão se deve pelo fato de exportarmos bastante “mão de obra qualificada” e que, hoje, retorna implorando pela implantação das ideias que aprendeu lá fora. E não é na bola. É na parte gerencial. 

Esse “Bom Senso” por “um futebol melhor” é para continuarmos exportando essa “mão de obra” e para voltarmos a manter a hegemonia do jogo. E tenho 7 razões para falar isso.

Desde muito tempo (aproximadamente 10 anos), acompanho por alto a gestão do América-MG. Posso afirmar que o clube estava fadado à falência e de ser engolido pelas “modas” do futebol brasileiro. Claro, essa é a opinião de um profissional, professor de risco e finanças e não de um torcedor.

Analisando o Balanço de 2014 do América, publicado no site do clube e vinculado maciçamente na mídia, o clube fechou 2014 com um Déficit de 3 milhões e 980 mil reais. “De cara”, você lê e já se assusta com os números. E com o time.

Analisando efetivamente o balanço, o déficit não representa nada baseado nas garantias de RECEITA que o clube tem para 2015 e depois, e depois, e depois... A dívida é administrável. É tanto que, segundo a mídia, o Balanço foi aprovado por unanimidade em Assembleia e encontra-se disponível na internet, não sendo necessário a solicitação das informações.

Vamos pegar uma dessas RECEITAS futuras:

Qualidade, sabemos que não é quantidade, mas, para o bolso dos clubes, isso faz diferença. Segundo o Balanço do América, o clube arrecadou de público pagante o equivalente a 927 mil em 2014. Praticamente a mesma coisa que o clube recebeu pela parceria com um Shopping Center (Uma espécie de aluguel). Ah... e de “arrendamento” do Independência gerou mais que os valores citados acima. Dinheiro nunca é demais. Garantido, melhor ainda.

Primeira meta para os clubes é tornar suas dívidas administráveis. Controláveis de se quitar. E isso vale para finanças pessoais também. Dívidas altas? Impagáveis? Não tente quitá-las! Primeiro passo é torna-la administrável. Procure os credores e faça um modelo de financiamento. Parcele. É a melhor saída e a menos dolorida. Tenho certeza que seu credor vai topar. Ele também tem dívidas, mas administráveis. 

Voltando ao América... De 10 anos pra cá, zeraram uma dívida que ultrapassava o valor de R$ 35 Milhões, o risco de penhora do patrimônio do clube, da falência e da extinção nos grandes campeonatos. Devolveram mais do que isso, com acesso a série A e com uma dívida substancialmente menor e ainda por cima, administrável.

Vale ressaltar que mais ou menos na mesma época, quando o América tinha uma dívida de 35 Milhões, informamos que a dívida do Mixto (em 2012) girava em torno de 3 Milhões e 500 mil (ações trabalhistas, fornecedores...), excluindo as dívidas com governo.

Controle suas dívidas para elas serem administráveis. Esse é o passo para sair do  vermelho. Vale para todos, eu, você e para clubes de futebol. Questão de Gestão de Finanças. Tornar a dívida administrável.

Para chegar nesse ponto, primeiro passo é mudar a visão de gestão do clube, adotando modelos como, por exemplo, de “governança corporativa”. Mas isso é outra conversa e fica para a próxima coluna.

* Por Igor França Garcia
Integrante do Conselho Deliberativo do Mixto e Consultor de Investimentos/CVM. Especialista em Gestão Pública
igor.garcia@atuarialconsultoria.com.br

12/06/2015

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Publicado por: Fábio Ramirez

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